26.4.09

Ônibus 174


Um documentário muito bom. Envolvente e informativo. Começa logo com um travelling panorâmico alucinante pela cidade do Rio de janeiro. São uns 10 minutos de paisagens aéreas por cima da cidade, desde o oceano, pelo litoral, por cima dos morros e favelas, por bairros de classe média, bairros nobres e pára sobre o local onde havia ocorrido o incidente. O filme é repleto de depoimentos de pessoas que se envolveram com o ocorrido ou que conheciam o marginal. O problema do filme é que ele não abordou o lado da vítima mor, a Geísa, que morreu precocemente por um erro policial. O idealizador do filme fez uma investigação sobre o passado do bandido e descobrimos que ele é tão vítima quanto Geíza. Mataram sua mãe na sua frente quando ele estava na pré-adolescência, sobreviveu à chacina da Candelária onde morava depois de sair da casa da sua tia. Vivia de pequenos furtos em lojas, supermercados e sinais de trânsito. Ficou preso sob condições sub-humanas, ficou retido num reformatótio para jovens infratores, enfim, descobrimos que o que aconteceu no ônibus foi apenas um ato de desespero que demonstrava seu despreparo para a vida em sociedade. Analfabeto, sem conhecer seu pai e avós, vivia a vida sem esperança nem perspectiva. Então no documentário vemos depoimentos de alguns familiares, policiais, professores, presidiários, marginais, sobreviventes do ônibus, enfim, todo um leque de pessoas que mostraram sinceridade e uma certa compaixão pelo assassino. Antes ele nunca tinha matado ninguém. Enfim, é um documentário reflexivo mas ainda repleto de furos e meramente expositivo. A trilha sonora foi muito bem elaborada e a edição das imagens está bem feita. A falta de legenda para identificar quem está falando é um grande vacilo. De vez em quando aparecia um doido lá falando e tal e a gente sem saber o nome, nem a ocupação, nem a relação da figura com o criminoso. Vale a pena assistir, principalmente por que é informativo e seu ritmo é tão bom que apesar de longo não é cansativo. um outro defeito do filme foi a precariedade das análises sociológicas. Uma vergonha, pois este filme seria um senhor documento caso fosse mencionado a urgência por uma política pública a favor da natalidade controlada, que vejo como uma necessidade básica para o desenvolvimento social.
Saiba mais:
Adoro Cinema
Cinema Terra
Cinema Dois
Revista Paradoxo

Nenhum comentário: