4.2.04

Adeus, Lênin


É um filme muitíssimo interessante, principalmente pra quem conhece bem a vida alemã. A fotografia não é das melhores, mas tudo a compensa. A direção, o roteiro e a trilha sonora são muito legais. Os argumentos são inteligentes e engraçados, porém o filme tem uma moral dúbia. O mais curioso é ver toda aquela transformação causada pelo processo de re-unificação da Alemanha. A história em si até perde um pouco seu valor dramático diante de tamanha transformação social e econômica. É um filme pra ser visto e revisto, sozinho e coletivamente. Desperta curiosidade e incita muitas perguntas. Têm cenas antológicas como as das publicidades da Coca-cola, da remoção das estátuas de Lênin, do fervor consumista, etc, etc. Os personagens são bem caracterizados e estigmatizados, o que expõe uma complexidade simples das relações humanas nas duas Alemanhas. O filme se passa inteiramente em Berlim (próximo ao muro) e é contado por um rapaz cuja mãe fora supostamente abandonada pela marido (que fugiu para o lado Ocidental) deixando-a com dois filhos pequenos. Depois de um enfarto, a mãe (professora comunista renomada) passa vários meses em coma, o que a faz perder todo o processo de desmantelamento do sistema comunista. Ela desperta do coma próximo da festa de oficialização da re-unificação. Seu filho (que agora trabalha instalando antenas parabólicas) decide - para evitar maiores emoções e consequente risco de infarto - não deixá-la perceber o que está acontecendo, e forja um clima nostálgico envolvendo a irmã, o cunhado e os amigos. Ele chega a criar um telejornal com um amigo para manter sua mãe (mal-)informada. Muitas situações cômicas e emocionantes fazem deste, um filme completo: entretenimento e reflexão.
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