23.7.14

A Morte Comanda o Cangaço (1961)

Dirigido por Carlos Coimbra. As cercanias rochosas e verdejantes do sertão de Quixadá (onde hoje existe uma pista de pouso para naves espaciais), interior do Ceará, serviram de locação para as filmagens. A beleza feminina é um fetiche imortal. Apesar de não protagonizar, as atrizes que fazem o elenco de apoio são encantadoras. A história é uma ficção baseada na realidade do sertão no ano de 1929. Silvério é um cangaceiro protegido por um coronel (como eram chamados os grandes fazendeiros do NE) que lhe fornece armas e munições em troca de certos favores como a cobrança e extorsão de dinheiro e gado dos pequenos agricultores. Um desses fazendeiros sobrevive a um ataque que deixou sua mãe morta e sua pequena propriedade em ruínas. Ele monta um grupo de homens desejosos de vingança e passam a caçar os cangaceiros. Fica uma espécie de cangaceiros do bem contra cangaceiros do mal enquanto a polícia e a população se ferra. O filme é muito rico em retratar as diversas manifestações culturais da caatinga, desde rituais religiosos (enterros, beatos, benzedeiras, fechamento de corpo, orações e hinos) até formas de divertimento e lazer (músicas, instrumentos, danças, roupas, indumentária, churrasco, vaquejada, comércio, etc.) Não dá pra exigir muito das atuações que são muitas vezes caricatas. Os clichés são óbvios e explícitos mas bem usados. Os textos tem seus bons momentos e o roteiro é bem resolvido. A fotografia não dá pra avaliar com precisão mas é bem equilibrada e usa bem os contraplanos e as nuances da iluminação natural. A trilha sonora é aquela orquestra típica e datada de filmes daquele período com a diferença que aqui ele dispõe de um grande leque de músicas regionais de sensível valor histórico. É verdadeiramente um faroeste brasileiro. Uma hora e quarenta de perseguição entre garranchos, sob sol escaldante e romance estereotipado em meio a tiro, maldade e sangue.

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