31.12.13

Cine Holliúdy

Se era pra 'cearencizar' o título porque não usaram 'roliúde'? Teria ficado óbvio e evitaria erros como os que cometo sempre que tenho que escrever o título. Ambientado no interior cearense da década de 1970, retrata o empenho de um homem em montar uma sala de cinema contando apenas com o apoio incondicional de sua esposa, do seu filho pré-adolescente e sua força de vontade e perseverança. A história central se passa em Pacatuba (hoje região metropolitana de Fortaleza). O desafio é montar um cinema em plena expansão da televisão (até a década de 1980 era comum a população das pequenas cidades se reunirem nas praças para assistir a tv que a administração municipal dispunha). Muitos aspectos históricos interessantes são pincelados sem profundidade no decorrer da narrativa. A característica mais marcante do filme é o linguajar típico do interior do Ceará com suas girias e modos peculiares, tornando necessária as legendas em português. Dirigido por um cearense tenaz - cuja história de vida lembra a do protagonista - que faz um trabalho de amor ao cinema e às suas origens nativas. A dinâmica perde a força em alguns momentos, certas falas são colocadas fora de timming e alguns personagens não convencem, felizmente nada disso compromete a qualidade geral do filme. As atuações principais estão ótimas e a participação das crianças são bem realistas. A trilha sonora, com músicas de Márcio Greyck, é referência daquela década no Ceará e cria o clima perfeito pra história. O figurino foi bem pesquisado mas parece caricato. A fotografia ficou interessante e merecia mais atenção se levar em conta que as locações pelo sertão cearense são diversas e belas. É um filme que dá muito orgulho ao cearense; que revela, registra e resgata muitos aspectos da cultura local e enche de graça e recordações as pessoas que vivem e/ou viveram pelos sertões do Ceará. Divertido e curioso. 

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